Algum vizinho toca sax nas tardes de domingo, e eu gosto de ficar sentada na minha cadeira no quintal, enquanto escuto seu sax tocando lá longe.
O som do instrumento se mistura ao som das folhas das árvores que dançam ao vento, os passarinhos se alegram e cantam, algumas vozes distantes de pessoas conversando, e dentro de mim, somente o delicioso silêncio.
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Passarinhos tristes também cantam
Ela acorda todas manhãs com uma música tocando em sua mente.
Naquela manhã de domingo nenhuma música tocou.
Ela acordou no mais profundo silêncio.
Da janela ela pôde ver o sol entre as nuvens, as árvores com folhas tão verdinhas mostravam que um vento fraquinho soprava lá fora.
Passarinhos cantavam um canto triste, o tipo de canção que se aprende numa gaiola, e isso fez com que os olhos dela se enchessem de lágrimas – passarinhos tristes também cantam.
Os pés descalços no chão frio e claro fizeram ela se lembrar de como a solidão se faz notar.
Passo a passo, do quarto pro corredor, do corredor pra sala, da sala pro quintal, de barriga e mente vazias, ela se deixou levar pelo canto dos pássaros tristes, e pelos pássaros engaiolados ela se permitiu voar, sem dizer nenhuma palavra, sem nem ao menos cantar.
No mar
No mar eu fecho os olhos e escuto o som das ondas quebrando
Me agacho e da areia resgato uma concha
Levo pra casa um pouco de lá
Quando a concha encosta no meu ouvido e eu me vejo de novo no mar
Me dou conta de que o infinito é um lugar bom de morar.