Latina e Revolucionária

Obra de Adriana Varejão

Tenho um quadro na minha parede que diz: Soy Latina Americana, Soy Revolucionária.
Fiquei encarando esse quadro, me senti uma farsa.
Que tipo de revolução tenho feito?
Eu queria mudar o mundo, que pretensão.
O mundo é como uma boneca russa, não é apenas um.
Um mundo dentro de um mundo, dentro de outro mundo, e dentro dele outro mundo, e segue assim infinitamente.

Eu visto uma bandeira, levanto a mão, mostro que tenho um punho. Ando de queixo erguido, visto a armadura das pessoas corajosas. No meu peito ainda sinto medo, mas eles não precisam saber.
Meu coração pulsa e me dá o ritmo de uma música. Penso na canção de Jorge Drexler, e repito mentalmente “Amar es cosa de valientes”.

O que é ser valente?
Nesse momento, é subir essa rua antiga, passar pelas calçadas, ouvir o barulho do tráfego, seguir em frente. Sentir o calor do sol, ignorar o suor que escorre pelas costas assim como qualquer olhar hostil. Hoje, ser valente é seguir em frente, apesar de tudo.
No meu bolso tenho um papel com números anotados, números que até decorei.

Não sou uma pessoa de armas. Eu luto usando minha alma, mente e coração.
Já não sou quem eu era antes, estou em transformação.
Eu sou um mundo dentro de um mundo, dentro de outro mundo, e dentro dele outro mundo, e assim sigo infinitamente.
Queria ter o tempo na mão, queria ter a resposta certa para toda pergunta.
Por enquanto, sei que sou latino-americana, sou valente, meu coração pulsa e preciso seguir em frente.
Eu sou minha própria revolução.

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