Carta a Clarice

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Querida Clarice,

Entendo quando diz que é preciso estar distraído para que as coisas aconteçam.
E talvez por isso não aconteçam, eu presto atenção em tudo.
Amo os detalhes, Clarice.
Amo quando chove, e amo quando a chuva não incomoda.
Reparo os cabelos bagunçados que gosto tanto, e na música que toca no bar, na cor dos olhos e no jeito de andar.
Minha atenção já não é minha.
Se cada passo é observado como uma pintura em progresso, como me distrair?
Como perder de vista o que eu quero guardar?
Talvez por isso é que nunca acontece.
Clarice, eu não sei me distrair.
Queria que você tivesse escrito sobre o amor para aqueles que prestam atenção.

Com carinho,

De mim.

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