Tenho essa mania de engolir palavras.
Às vezes eu escrevo, e quando leio, percebo a falta delas. Uma pena. Nunca tem espaço para encaixá-las de volta. Puxo uma linha, uma seta, rabisco, apago, refaço. Escrever à caneta me dá essa liberdade de errar, de esquecer, de voltar e refazer.
O mais difícil é falar.
Às vezes engulo frases inteiras. Elas ficam ali rodopiando na minha cabeça, viram letreiros em neon por trás da minha íris e vão parar ali na minha garganta. Eu nunca sei o que fazer com elas.