É bom ter um amigo de infância, alguém pra quem você olha e ainda vê uma criança. Ao ver a criança no outro, acho que consigo ver também a criança em mim.
Tenho um amigo assim.
De tempos em tempos a gente se fala.
Esses dias ele me perguntou se eu tenho saudades daquela época.
Pensei, procurei em todos os cantos algum vest´´ígio de saudade dentro de mim.
Não achei.
Ele me disse que tem saudade de algumas pessoas.
Isso eu não falei pra ele, mas deveria ter dito: Eu sei que não tenho saudades, porque pra mim saudade é revisitar na memória um tempo e espaço, é tentar reviver os caminhos, ouvir de novo uma voz…
De lá, me restou pouca coisa pra querer viver de novo.
Talvez, considerando meus motivos pra não ter saudade, a melhor coisa que eu posso ter tido foi sorte em ter conhecido pessoas como ele.
Não tenho saudade, mas tenho sorte.