Ela acorda todas manhãs com uma música tocando em sua mente.
Naquela manhã de domingo nenhuma música tocou.
Ela acordou no mais profundo silêncio.
Da janela ela pôde ver o sol entre as nuvens, as árvores com folhas tão verdinhas mostravam que um vento fraquinho soprava lá fora.
Passarinhos cantavam um canto triste, o tipo de canção que se aprende numa gaiola, e isso fez com que os olhos dela se enchessem de lágrimas – passarinhos tristes também cantam.
Os pés descalços no chão frio e claro fizeram ela se lembrar de como a solidão se faz notar.
Passo a passo, do quarto pro corredor, do corredor pra sala, da sala pro quintal, de barriga e mente vazias, ela se deixou levar pelo canto dos pássaros tristes, e pelos pássaros engaiolados ela se permitiu voar, sem dizer nenhuma palavra, sem nem ao menos cantar.