Dizem que quando a gente começa a dizer sim as coisas melhoram. A Yoko disse isso.
Vi a exposição dela no Tomie Ohtake e tocou meu coração.
Lembro que subi uma escada e no teto tinha uma lupa pendurada.
De saia de bolinhas, calçando um par de All Star brancos, no topo da escada peguei a lupa e li aquela palavra diminuta que a olho nu parecia um inseto morto no teto.
A lupa me fez enxergar o sim. Era um SIM.
Meu sim é assim. Meu sim tem medo, fala baixinho pra ser confundido com um não, com um talvez, fica a sorte de quem ouve. Meu sim que eu guardo e solto apenas quando tô muito confiante, muito alegre, quando já bebi um gim talvez.
Meu sim vem todo machucado e cheio de poréns.
Dizer sim não é fácil. É bom. Mas não é fácil.
O sim me tira da cama de manhã, me faz pegar um ônibus lotado todos os dias, o sim me faz engolir o orgulho e seguir em frente apesar de tudo, também me faz encontrar amigos numa terça-feira chuvosa, o sim fez com que eu me apaixonasse algumas vezes, o sim também partiu meu coração.
O sim já me fez mudar o corte de cabelo e me impor na frente de pessoas tão duras, e eu tão pequena, cresci. O sim me assusta tanto porque ele não é garantia de nada.
Ele só me diz que eu vou viver.
Meu não me deixa na cama. É isso que ele faz.
O sim pode até me machucar, mas eu acho que é o que a Yoko disse, o sim melhora a minha vida.
E a passos curtos, um dia não vou precisar de lupa, um dia meu sim vai ser tão grande que ele vai falar por mim.