Hoje eu pesquisei imagens da Holanda no Google. Holanda, o país, sabe? Pois é. Lá faz bastante frio. O país das tulipas. Uma mais linda que a outra. Campos inteiros só de tulipas, de todas as cores.
Eu fecho os olhos e consigo me imaginar andando entre elas, com cautela, com amor, completamente deslumbrada pela riqueza de detalhes, desde a luz do céu até o chão coberto de flores.
Eu nunca gostei de flores envoltas em plásticos, nunca achei que fosse justo com elas. Pense nessas flores que foram cortadas, arrancadas, as flores que choram são as flores que ganhamos de presente. Como se flor fosse presente, flor é paisagem. O presente é a paisagem.
Me lembro de flores que ganhei.
Um bouquet de rosas que só pude deixar em casa e correr pro hospital, o quarto todo ficou cheirando a velório. Que tristeza aquelas rosas. E assim como as rosas, aquele amor também se foi.
Mas me lembro com mais dor no coração das pobres tulipas. Lindas e tristes.
As tulipas que mereciam um país frio num campo repleto de irmãs tulipas, foram parar justamente aqui no Brasil, em São Paulo, num vasinho solitário dentro do meu quarto. Mais uma morte certa.
Veja bem, não tenho nada contra as flores. Na verdade eu as amo. Mas as amo ali, no campo, no jardim, onde elas nascem, são tocadas pelo orvalho da manhã, pela garoa fina, onde elas enxergam as tempestades, onde suas folhas ficam bem verdinhas, onde as borboletas pousam e as abelhas sapateiam, gosto delas ali, recebendo o calor e a luz do sol, com vida, trazendo alegria pra quem as vê, pra quem as sente. Amo as flores que nascem, vivem, morrem e renascem. Por que é assim que funciona quando elas estão onde deveriam estar, o ciclo continua, é um destino muito melhor que um vaso solitário dentro de um quarto.
A gente nunca pensa nisso, mas as flores no chão são flores livres.